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Alcoolismo: A doença da dependência etílica

Como já dizia o ditado, o que diferencia um remédio de um veneno é simplesmente a dose. E no que diz respeito ao álcool, o que deveria ser parte de momentos de felicidade e celebração, pode se tornar um refúgio de escape para transtornos de saúde mental, tendo como consequência danos físicos e sociais.

Culturalmente o consumo de álcool é amplamente difundido, sendo parte característica da identidade de certos países e grupos de pessoas. A glamourização e difusão de bebidas alcoólicas, seja como propaganda ou indicação, fazem parte do que se veicula na mídia de massas todos os dias.

No Brasil, em específico, cotidianamente temos o álcool associado a um status de estilo de vida tido como o ideal. Sendo comum vê-lo, sempre colocado em destaque nos meios de comunicação tradicionais. O que consolida a substância, em parte pelo seu caráter lícito, como a droga recreativa mais consumida no país, juntamente com o tabaco.

E embora para a maioria das pessoas, esse tipo de propagação seja normal, para quem tem problemas com álcool em nível pessoal, familiar ou afetivo, pode considerar um estímulo a mais para recorrer ao uso da substância. 

Segundo dados da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde, o nível de consumo médio do brasileiro tem se intensificado nos últimos anos, vindo desde 2019 numa crescente, se agravando durante a pandemia de Covid-19. 

Compreender que esses dados representam um problema é essencial para lidar com ele. Outra parte essencial é conhecer mais sobre o álcool e as consequências do seu uso indevido para a saúde e para a vida das pessoas de forma geral

Para auxiliar nessa questão, este artigo traz a seguir tópicos importantes a respeito da dependência alcoólica. Servindo para elucidar dúvidas, prevenir mais casos e disseminar que, enquanto doença o alcoolismo deve ser tratado o quanto antes, sem estigmas e sem preconceito com o dependente alcoólico.

O que afinal é Alcoolismo?

O alcoolismo ou Transtorno do Uso do Álcool (TUA), é definido pela falta de capacidade, seja física ou psicológica, de controlar a ingestão de bebidas alcoólicas, caracterizado pela dependência. É uma doença crônica, catalogada na Classificação Internacional de Doenças (CID) como F10.2, transtornos mentais e comportamentais pertinentes ao uso de álcool.

A doença é bastante comum, afetando mais homens do que mulheres e tendo um potencial destruidor na vida social dessas pessoas. O que pode resultar em curto prazo, em complicações no modo como vivem suas vidas em relação a família, amigos e trabalho, e em longo prazo com complicações físicas como doenças tais quais hepatite e cirrose, por exemplo.

Quais fatores favorecem o vício?

Muitos fatores podem favorecer o início de um vício e a posterior dependência. Quase sempre o ambiente é o principal deles. Se o indivíduo cresce ou passa muito tempo durante a infância e juventude num ambiente em que o consumo de bebida alcoólica é comum e facilitado, ele terá maior influência em fazer uso do álcool precocemente.

Histórico familiar também é um importante fator. Estudos concluíram que devido a dependência exigir maior quantidade de álcool no organismo para a embriaguez, filhos de alcoólatras possuem maior resistência à ingestão de bebidas. O que pode vir a ocasionar uma futura dependência, graças a falta de um limite que para outros é atingido mais facilmente durante o consumo.

Outro fator muito impactante é a midiatização do consumo de bebidas alcoólicas. A propaganda utilizada influencia as pessoas no geral, a associarem momentos de diversão e lazer diretamente a ingestão de álcool. O que gera certa pressão induzida ao consumo, em prol do envolvimento social.

Problemas de saúde mental também podem influenciar a dependência, no sentido que o álcool muitas vezes é utilizado como refúgio para patologias como depressão, ansiedade e etc. O uso indevido pode gerar um aumento no consumo e posteriormente a dependência propriamente dita.

Qual o perfil do alcoólatra?

O  perfil de um alcoólatra não diz respeito a um tipo específico de dependente. Tudo isso se dá, graças a abrangência do consumo do álcool no quesito social. Sendo impossível rastrear uma descrição do alcoólatra segundo os aspectos comuns. O comportamento, portanto, é que irá determinar um perfil do dependente.

Através dos padrões de comportamento apresentados sob a influência da substância etílica, é possível chegar a determinados tipos de alcoólatras. Como por exemplo, aumento de consumo de bebidas e porventura, das quantidades ingeridas, oscilações de humor  e comportamento negligente perante responsabilidades, mais frequentes em especial com familiares e amigos, além de negação do vício e pensamento obsessivo pela ingestão de álcool.

A partir desse padrão de comportamento alguns tipos se apresentam:

Alcoólatra Funcional

Com grande maioria masculina, em específico, dos 30 aos 60 anos de idade, o alcoólatra funcional consegue manter um bom convívio social apesar de possuir o vício e possivelmente algumas complicações de saúde física e mental em decorrência dele.

Alcoólatra Crônico

Embora sejam uma parcela pequena da quantidade de dependentes, os alcoólatras crônicos possuem o vício durante maior tempo, tendo em sua maioria começado cedo a consumir bebidas alcoólicas. Esses indivíduos consomem em menor quantidade mas de forma mais frequente. Também possuem maior chance de desenvolver doenças por  conta do vício, além de histórico de problemas pessoais, familiares e profissionais.

Alcoólatra Familiar Intermediário

Este tipo também possui boa relação com a família, possuindo inclusive outro dependente no núcleo familiar. Em geral, alguém mais velho, que foi influência para o início do consumo. Homens, em sua maioria, também podem apresentar transtornos mentais devido ao vício.

Alcoólatra Jovem Adulto

Este grupo engloba a maior parte dos dependentes,iniciando seu consumo após o fim da adolescência e dentro do contexto social, em festas ou ambientes de descontração. Entrando na dependência com idade entre os 19 e 24 anos, podendo apresentar histórico de transtornos mentais como depressão e esquizofrenia.

Alcoólatra Jovem Anti Social

Anti Sociabilidade ou sociopatia, atinge cerca de 20% do grupo de dependentes alcoólicos. Não é incomum que esta parcela também seja adicta de outras substâncias como maconha, tabaco, cocaína e etc. Em sua maioria são homens de baixa escolaridade e portadores de transtornos de personalidade, obsessivo-compulsivo e depressão.

Como diagnosticar o alcoolismo?

Identificar o alcoolismo é mais uma questão de percepção propriamente dita. Uma vez que se perceba, numa auto análise ou a partir de uma opinião de terceiros, uma falta de controle quanto ao uso, aumento da tolerância etílica e comportamento compulsivo decorrente da abstinência, é necessário procurar ajuda.

Alguns questionamentos também podem ser feitos para elucidar uma possível dependência alcoólica. Como indagar se a quantidade de bebida que vem sendo ingerida não está exagerada, se as críticas de amigos e familiares não são justificadas, se existe o sentimento de culpa ligado à ingestão de álcool, se é costume beber fora de hora, entre outros.

O abuso de álcool possui relação com o desenvolvimento de algumas doenças:

  • Câncer (de boca, fígado, pescoço e cabeça, mama, intestino) 
  • Depressão
  • Demência
  • Disfunções sexuais (impotência, ejaculação precoce)
  • Doenças cardiovasculares (AVC, hipertensão arterial)
  • Doenças do fígado
  • Infertilidade
  • Pancreatite

Como é o tratamento do problema? 

O tratamento do alcoolismo começa com o paciente aceitando sua condição de dependência. Uma vez reconhecido o problema ele poderá ser devidamente tratado sob a recomendação apropriada. O suporte médico é essencial para a avaliação correta. Somente um profissional poderá classificar em que nível de dependência o indivíduo se encontra e a partir disso, orientar ações em prol de combater o vício.

Um tratamento psicoterápico também pode ser indicado para ajudar a lidar tanto com o problema em si, quanto com os estigmas associados à dependência. A terapia poderá ajudar o adicto no controle da sobriedade durante a abstinência necessária para tratar o vício. Uma vez que o período de desintoxicação é o momento em que se desenvolvem as principais características compulsórias e onde o dependente mais buscará pela ingestão alcoólica.

Medicamentos também podem ser receitados para auxiliar o tratamento. Grupos de apoio também são bons espaços para troca de experiências e enfrentamento da abstinência. Manter-se sóbrio é o foco máximo do dependente em tratamento, no entanto, recaídas são comuns. O essencial é estar resoluto de que alcoolismo não tem cura, mas que o caminho da sobriedade é único meio possível de se ter uma vida normal.

Como manter a sobriedade?

Para o dependente prevenir recaídas é importante evitar locais em que o consumo de álcool esteja presente. Frequentar assiduamente grupos de ajuda como os Alcoólicos Anônimos também favorecem a sobriedade, uma vez que o objetivo desses grupos é por meio do amparo e motivação interpessoal, manter a temperança dos membros perante o vício.

Consultar regularmente um psicólogo ou psiquiatra também é vital para o sucesso da abstinência. Nesse contexto, clínicas de recuperação de dependentes são uma boa escolha, por oferecer uma completude de acompanhamento médico, psicoterápico e até internação em casos mais graves.

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