O transtorno depressivo é uma doença bastante presente atualmente. Ligada diretamente a fragilidade emocional e saúde mental instável, a depressão acomete cerca de 5,8% da população brasileira segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e seus efeitos são devastadores na vida dos portadores, com consequências graves que podem em muitos casos levar ao suicídio.
Muito se fala de seu tratamento psicoterápico e da importância de medicamentos para o controle do quadro dos pacientes. Porém em alguns casos, entretanto, a intervenção farmacológica é ineficaz, tornando o transtorno um cruel adversário a ser combatido pela medicina de saúde mental e principalmente pelos portadores e seus familiares.
Mas a tecnologia, como sempre, viria a propor soluções para o problema, possibilitando que abordagens diferentes de tratamento pudessem ser feitas para garantir aos pacientes que não toleram a medicação ou seus efeitos colaterais. Daí surgiram as técnicas de neuromodulação e como consequência o EMT.
O que afinal é EMT?
Surgindo como uma alternativa a pacientes que não respondiam bem ao uso de medicamentos, a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), é um tratamento que utiliza neuromodulação para reorganizar as transmissões do sistema nervoso do indivíduo, induzindo através de uma corrente eletromagnética determinada área do cérebro.
Não necessitando de anestesia por não ser um tratamento invasivo e com efeitos colaterais reduzidos a cada sessão, o EMT tem sido amplamente utilizado com resultados eficientes na Europa e nos Estados Unidos por quase uma década e sua prática médica já é presente no Brasil oferecida por clínicas e hospitais especializados em tratamentos de saúde mental.
Como funciona o tratamento com EMT?
A atividade cerebral é a responsável pela forma como nos sentimos, norteando como reagimos a tudo ao nosso redor. No caso de uma pessoa portadora de depressão, a manifestação dos sintomas típicos da patologia, como sensação de vazio, desinteresse e apatia, sentimentos de medo, insegurança, além de pensamentos suicidas, também são originários de determinada atividade cerebral específica.
O EMT funciona reorganizando as áreas do cérebro que possuem alterações relacionadas à atividade cerebral de cunho depressivo, reorganizando-as e modulando as áreas subjacentes para que trabalhem em conformidade com a área estimulada.
Dessa maneira o EMT pode oferecer atenuação no transtorno depressivo maior e como consequência uma melhora no comportamento e nos sintomas da patologia sem efeitos colaterais sistêmicos, como seria inevitável com o tratamento medicamentoso.
Como ter acesso ao EMT?
Para que o tratamento com EMT seja recomendado, o paciente precisa ter sido avaliado previamente por um profissional do campo da psiquiatria especializado em tratamento para o transtorno depressivo maior. É importante ressaltar que o tratamento não requer internação, garantindo a liberdade do paciente para ir e vir de acordo com sua disponibilidade.
A análise médica contará com dados como o grau da doença, sintomas, riscos de recorrência e da presença de efeitos colaterais indesejados, além da tolerância e predisposição do paciente para o tratamento. Avaliação de contra indicações também se fazem necessárias, devendo ser previstas antes do início do tratamento.
Embora seja indolor na maioria dos casos, o EMT pode submeter o paciente a sensibilidade no crânio cabeludo, além de enxaquecas após as sessões. Para amenizá-las, analgésicos podem ser utilizados até que com o decorrer do tratamento o paciente se torne mais tolerante e adaptável ao procedimento.
O tratamento possui duração média em torno de 20 sessões, variando em questão de tempo conforme a individualidade dos casos e através da forma como o quadro do paciente evolui, podendo aumentar ou diminuir em número de sessões de acordo com o prognóstico.